O que as pessoas fazem com o seu tempo?

Olá, pessoal!

Você já se perguntou qual seria a média de tempo que as pessoas se dedicam às atividades diárias, aos relacionamentos, ao que consideram importante?

Eu estava perambulando nos arredores da interwebs e me deparei com este artigo da Universidade de Oxford (Inglaterra) que mapeou até os minutos em que pessoas de diferentes nacionalidades (China, EUA, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Grécia, França, Itália, entre outros) se dedicavam a educação, trabalho, sono, cuidado pessoal, alimentação, socialização, atividades domésticas e lazer. A pesquisa foi publicada em novembro de 2020 e revisada em fevereiro de 2024.

Os dados foram retirados de pesquisas internas da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), criada em 1961 para promover o crescimento econômico e o comércio mundial, que conta com a participação de 38 países. O Brasil não é membro, mas participa de reuniões e é descrito como “parceiro chave”. As informações sobre tempo gasto x atividades foram medidas através de questionários administrados em pessoas entre 15 e 65 anos no período de 2009 e 2016.

Fonte: https://ourworldindata.org/time-use

Eu traduzo: a matéria inicia comentando sobre tempo ser o recurso mais valioso que se tem hoje. É o que muita gente procura ter de sobra, e luta diariamente por isso – paradoxalmente, pagando com muitas horas de seu dia. O objetivo de algumas pessoas é ter mais tempo para família ou para si mesmo, ou para atividades de lazer, ou apenas para fazer as coisas com mais calma e plenitude. De qualquer maneira, ter tempo é muito visado.

Dentre os resultados, foi possível traçar padrões previsíveis entre os países: mesmo de diferentes nacionalidades, costumes e cultura, nós ainda somos seres humanos e tendemos a dividir o tempo entre trabalho, descanso e diversão (work, rest, fun). A maior parte do tempo é dedicada a dormir e a trabalhar.

Curiosidades que a matéria encontrou como resultado:

  • Sobre o trabalho, notou-se que China e México gastavam quase o dobro de tempo do que a média que pessoas da Itália ou da França gastavam. Concluiu-se, a partir disso, que pessoas em países mais ricos podem sustentar um estilo de vida que não requer tanta dedicação ao trabalho;
  • A França gasta mais tempo comendo do que a Inglaterra;
  • Surpreendentemente, o país que menos come e bebe é os EUA;
  • No geral, os homens têm mais tempo de descanso do que as mulheres;
  • As atividades classificadas como menos agradáveis foram fazer a tarefa de casa, procurar por um trabalho, atividades domésticas, educação/estudo, trabalho;
  • As atividades classificadas como mais agradáveis foram esportes/atividade física, jogos, tempo de qualidade com família e amigos, hobbies, música, concertos/shows, e uma que eu achei interessante “fazer nada”; Para quem quiser ver mais sobre o gráfico de atividades agradáveis e desagradáveis, clique aqui. Achei muito legal.
  • Em países em que pessoas trabalham mais (sejam trabalhos formais ou informais, dois ou mais) se tem menos tempo para lazer, ou seja, os níveis de satisfação e felicidade tendem a ser menores;
  • Na adolescência, passamos mais tempo com amigos e família;
  • Na adultescência (jovem adulto, início dos 20), tendemos a passar mais tempo na companhia de parceiros românticos, amigos e possíveis filhos;
  • Essa tendência continua nos 30, 40 e 50 anos, embora a categoria “amigos” se transforme em colegas de trabalho e temos o acréscimo de família;
  • Para a idade 60+, o tempo com amigos/colegas de trabalho diminui drasticamente (aposentadoria), e dedica-se mais a relacionamentos familiares, parceiros românticos e mais tempo sozinho;
  • No geral, observou-se uma tendência crescente de passar tempo sozinho: adultos têm se dedicado a atividades solitárias e a uma vida reclusa. Isso não seria indicativo, entretanto, de sentirem-se sozinhos ou de nutrirem um estado depressivo;

O objetivo da pesquisa foi descobrir a relação entre uso de tempo e qualidade de vida/bem-estar. É ressaltado que os dados são quantitativos, e é preciso entender a qualidade de tempo que se passa para determinar o bem-estar, os relacionamentos e consequentemente como a vida de cada um se configura.

Por acaso, a revista Superinteressante traduziu um gráfico para o português brasileiro (obrigada, sempre bom ter mais acesso a informações!), que disponibilizo aqui. A matéria da revista você pode ler na íntegra clicando aqui, pois o foco foi mais “quanto tempo ficamos sozinhos durante a vida”.

Fonte: https://super.abril.com.br/sociedade/grafico-quanto-tempo-passamos-sozinhos-ao-longo-da-vida

Vamos refletir?

O que tudo isso significa? Acredito que coloque em perspectiva o quanto de tempo e energia temos dispendido para as nossas atividades e, claro, colocamos em evidência quão pouco ficamos sozinhos. Especialmente em idades de desenvolvimento e formação da nossa personalidade.

É igualmente importante desenvolver nossos relacionamentos e nossa habilidade social/criativa e nossa força de trabalho. Mas como faremos tudo isso se também não investirmos em quem somos, em quem gostaríamos de ser, para onde vamos? Isso inclui ficarmos sozinhos e entendermos nós mesmos.

Ficar sozinho pode ser entendido como algo ruim, a questão da solidão; mas te digo que solidão é um sentimento, o “sentir-se sozinho(a)”. Então, pode ser sentido com pessoas ao redor. Estar sozinho é outra coisa. É uma condição que inevitavelmente acontece e acontecerá. Já ouviu a frase “nascemos sozinhos e partiremos sozinhos”?

Por que, então, isso é algo tão aversivo para tanta gente? É o que eu me pergunto às vezes. Eu amo ficar sozinha, e percebo também momentos em que eu não queria estar sozinha. São momentos, são vontades e desejos, são percepções, pois somos seres sociais. Mas, no geral, eu estou bem com a minha própria companhia, eu aproveito e me considero uma pessoa legal, gosto de explorar os meus pensamentos/sentimentos e também seleciono atividades para me dedicar em que eu sei que vou estar me cuidando, me nutrindo de tempo valioso comigo mesma. E, por eu ser introvertida, isso recarrega as minhas baterias e me sinto melhor para enfrentar o mundo.

Mas tem um porém. Esse é o meu funcionamento. Eu acredito fortemente em entender o próprio funcionamento e pensar lá no fundinho da alma:

“Como eu gostaria de viver?”

“Será que tenho dedicado tempo suficiente para o que eu gostaria?”

É claro que não estamos falando de uma idealização de um mundo utópico; não vamos entrar em um pensamento 8 ou 80. Talvez você esteja pensando: “ah, se eu fizesse só o que me desse na telha, eu nunca trabalharia, só ficaria dormindo o dia inteiro”. Acredite, uma hora isso ia cansar. O Nirvana só é dreamy porque existe uma realidade que o faz necessário, assim seria se vivêssemos o contrário (assistiram The Good Place? Se não, assistam. A última temporada retrata essa dualidade).

Vamos integrar os opostos? Balancear o que for possível e criar metas saudáveis para o que gostaríamos de viver nessa vida louca?

Ninguém encontrou um sentido da vida universal e fofamente aplicável para todos; eu acredito que isso dê um grande espaço para procurarmos o que faz sentido para o nosso funcionamento, a nossa vida, as nossas relações, nós.

Nós somos seres humanos, e como falei somos seres sociais. Mas também somos seres individuais, e por algum motivo inevitável precisamos de variação nas nossas atividades. Nós somos movidos por movimento (hehe) e entrar em um tipo de relacionamento desequilibrado com a vida, seja dedicando mais tempo a uma coisa do que a outra, pode ser perigoso.

Ufa, essa pesquisa ativou seriamente meus divertidamentes!

O que vocês acharam da pesquisa? Bem interessante, né?

Obrigada por estarem aqui.

Até a próxima! 🙂

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Mente Formigante

Caroline Tirado é psicóloga e escritora. Escreve desde os 12 anos. Sempre foi curiosa e questionadora dos por quês da vida e do mundo, principalmente sobre o comportamento humano. Aprecia as coisas simples. Gosta de filmes, séries, livros, HQs, músicas, jogos e o que há de legal por aí.

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