O Marimbondo na Janela

 

Vou contar uma história a vocês hoje.

Sou uma pessoa observadora, às vezes até demais. 

No meu consultório tem pássaros e insetos que ficam voando entre a selva de prédios e construções da cidade. Considero-os meus companheiros, e alguns reconheço pela penagem. Venta bastante, faz sol, chove. Ali, pela janela, tenho um panorama amplo e privilegiado sobre a natureza quando estou trabalhando, e sempre que posso paro para observá-la.

Estava eu hoje estudando um livro sobre amor próprio e eis que pousa um marimbondo na janela fechada. Ficou inerte, paradinho. Por se tratar de um andar alto, me surpreendi com o tanto que ele voou. Vira e mexe aparecem alguns insetos aqui, mas é raridade. Faço questão de reconhecê-los e não os expulsar quando chegam. 

Voltando ao marimbondo: reconheci sua presença e voltei a ler o livro. Vinte páginas depois, minha plateia continuava ali. Me pus a observá-lo e a refletir sobre o quão cansado ele deveria estar e como os insetos e animais vivem em um ritmo totalmente diferente (se não outro universo) que os humanos. Não existe noção de tempo, agenda, planejamento, etiqueta social, prazos, expectativas.

 Antes que eu pirasse o cabeção e mergulhasse na reflexão, como se reconhecesse o meu olhar, ele alçou voo e partiu. Acho que estava descansando as perninhas antes de voltar, quem sabe para um andar maior. Ou para onde o vento o levasse. 

Veja só, uma coisa tão simples quanto um inseto pousando levemente na janela pode nos suscitar reflexões e convidar a um descanso.

Muita gente poderia ter medo do inseto e, na minha situação, poderia ter feito algo para espantá-lo ou cessar sua existência, o que teria todo um estresse envolvido ou até poderia ser picado, se acidentar. Inúmeras possibilidades. E sem julgamentos; se fosse uma barata eu não teria tido a mesma paz. Mas, quem sabe, também não fosse uma oportunidade para exercitar a calma e conviver com um desconforto controlado.

Eu estava prestes a reconhecer a minha pequenez, justamente por causa de um inseto várias vezes menor do que eu. Um marimbondo me fez pensar sobre o mundo.

Para mim, esse é o legal da vida. Reconhecer os momentos imprevisíveis, aceitar a presença de algo inesperado e simplesmente deixar ser. Uma hora passa, uma hora aqui e ali. Nada é para sempre, nem as coisas boas. É esse o movimento que nos permite crescer e desenvolver.

Deixo vocês com essa reflexão: o que está ao seu redor que pode te ensinar algo? Deixe fluir, permita que o seu pensamento crie novos caminhos e ande para onde desejar. Talvez você se surpreenda; talvez descubra que é alérgico a marimbondos.

De qualquer maneira, algum ensinamento sairá! 🙂

Obrigada por estarem aqui.

Até a próxima.

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Caroline Tirado

Caroline Tirado é psicóloga e escritora. Escreve desde os 12 anos. Sempre foi curiosa e questionadora dos por quês da vida e do mundo, principalmente sobre o comportamento humano. Aprecia as coisas simples. Gosta de filmes, séries, livros, HQs, músicas, jogos e o que há de legal por aí.

Este post tem um comentário

  1. Anônimo

    Boa…. Deixa fluir

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