Olá, pessoal!
Hoje venho falar de um livro de ficção fantástica científica distópica epistolar que entrou para a prateleira grandemente premiada (no meu coração) dos meus favoritos.
É Assim que se Perde a Guerra do Tempo, dos autores Amal El-Mohtar e Max Gladstone, publicado em 2021 pela Editora Suma, conta a história de duas soldadas de facções inimigas que se comunicam através de cartas, mas com um twist único e atrativo: o espaço-tempo é o palco (ou, milhares deles). Red e Blue se enfiam em o que eu consigo descrever como patacoadas do multiverso para alterar o curso da história. Uma procura alterar o fluxo da outra, em nome da organização que trabalham. Até que Blue envia uma carta à Red de forma auspiciosa, escrito “queime antes de ler”. Meio que um Romeu e Julieta futurista rs.
Esse livro me “atravessou” de uma maneira tão singela, sutil e profunda, que nada que eu encontro na minha estante se equipara. A união dos mestres em suas áreas Amal (poetisa) e Max (ficção científica) resultou em um belo casamento literário e três prêmios ilustres (Hugo, Nebula e Locus). Gosto da forma com que essa dupla brinca e abrange os conceitos de multiverso e a multitude de opções de comunicação que poderiam surgir a partir disso.
Algumas pessoas podem não se identificar com o tipo de escrita do livro, por ser curto (180 páginas) e no formato de cartas, sem explicação de cenário ou contexto. Quem conta tudo são as próprias personagens, do ponto de vista delas, e a terceira pessoa só é utilizada para sinalizar como uma encontrou a carta da outra. Eu achei isso genial, facilitou a leitura e deixou a leitora aqui com o gostinho de quero mais, tanto que eu terminei o livro em um sábado.
Como psicóloga, me encantei pelo uso dos símbolos que representam a identidade visual das duas personagens ao longo da leitura e no livro em si, na capa, nas cores e nas artes. Quem trabalhou na diagramação e no design fez um excelente trabalho! O livro em si é uma obra de arte em todos os sentidos (você entenderia o porquê se lesse a história).
A história me ganhou em um nível gostoso e raro, e fiquei maravilhada pela simplicidade inteligente da narrativa. Gosto de livros que me fazem gastar neurônios (no bom sentido) para formar novas conexões, e esse certamente concluiu o objetivo com mérito. A escrita me lembra a da Martha Batalha, cheia de prosa poética, simbólica e irreverente.
Além de, é claro, retratar um romance sáfico. É bom ver representatividade em um livro tão bem escrito e premiado. Sair do padrão! Uhul!
Vocês já conheciam esse livro? Tenho a impressão de que ele é subestimado no mundo literário, não vejo muitas pessoas falando ou divulgando. Acho que isso quase o faz um segredo fantástico, o que adiciona ainda mais ao meu favoritismo.
Obrigada por estarem aqui!
Até a próxima. 🙂
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