A inevitabilidade das relações humanas

Olá, pessoal.

Hoje quero promover uma discussão sobre relacionamentos humanos. Seja social, romântico, fraternal ou familiar, acredito que toda relação possui esse aspecto: sua inevitabilidade. Aspecto que, por mais difícil de lidar, está coladinho à condição de se relacionar.

É inevitável interagir. Podemos tornar o objetivo de nossas vidas sermos sozinhos, caminharmos solitários pela vida. Mas pouco aprenderemos sobre quem somos e pouco sentiremos. Para iniciar essa discussão, recomendo a leitura/visualização desta tirinha reflexiva do ilustrador Ezekiel Moura, de quem sou muito fã, disponível em seu Instagram: clique aqui para acessar.

Por quê se proteger das interações?

Escolher interagir nos coloca na mira de criar expectativas (inevitáveis), sentir decepção, participar de conflitos doloridos, sentir a ansiedade. Isso é especialmente interessante para a consciência quando partimos de uma visão traumática. Mas esse interagir também abriria para situações boas que nunca imaginamos serem possíveis, e principalmente para a realização de alguns desejos essenciais da experiência humana como amar e ser amado, sentir-se bem e saber que somos capazes de fazer a diferença na nossa vida e na dos outros. 

John Powell, um escritor estadunidense, escreve em seu livro “Por que tenho medo de amar?” (2005):

O símbolo do pesar é uma figura solitária em pé na soleira de uma porta. 

Relacionar-se é como estar parado em frente a uma porta, que queremos muito abrir mas temos medo do que nos aguarda através. Seremos rendidos, total e inexoravelmente, pelo que nos aguarda? Aí é que entra a consciência e a distinção entre o se relacionar saudável e o tóxico. Quando tomamos os relacionamentos como fonte de felicidade, certamente cairemos nesta teia de repetição de ciclos que não nos faz bem.

Nutrir relações saudáveis nos faz pensar nos outros não como detentores da nossa felicidade, como se tivessem algum poder mágico sobre nós, mas entendendo que de alguma forma ali há uma completude e troca significativa que impulsiona para frente. Para algum lugar. Só que, nem sempre, trocamos autenticamente. 

Quando me encontro em uma situação que me traz confusão e estranheza, trato de fazer as engrenagens do meu cérebro de Pandora funcionarem para entender (mente formigante rs). Como estou lidando com essa situação? Como posso enxergar isso de outra forma?

Se estamos na posição de abrir a porta ou de entrar nela, acredito não importar. Ambas envolvem escolhas, consequências e limites. O pesar vem, pois nossas escolhas têm peso. Cabe a nós carregarmos. E, também, entendermos que não estamos sozinhos. Toda relação envolve um falante e um ouvinte. Quem você tem sido, quem você quer ser?

Para dar uma trilha sonora à discussão, recomendo a música “As It Was”, do artista Harry Styles. A melodia frenética, a letra questionadora e melancólica nos faz refletir sobre tudo isso. O clipe é belíssimo também, em que temos a simbologia de uma repetição em círculos de totais opostos, e quem sabe um comentário oculto sobre a vitalidade e a energia dispendida às relações. Vamos ver se vocês também decifram as várias interpretações destes cenários loucos e coloridos. Assista aqui.

Outra música cheia de simbolismos é a “We´re Good”, da artista Dua Lipa. Assista aqui.

Torço para que faça algum sentido por aí.

Até a próxima!

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Caroline Tirado

Caroline Tirado é psicóloga e escritora. Escreve desde os 12 anos. Sempre foi curiosa e questionadora dos por quês da vida e do mundo, principalmente sobre o comportamento humano. Aprecia as coisas simples. Gosta de filmes, séries, livros, HQs, músicas, jogos e o que há de legal por aí.

Este post tem um comentário

  1. Debora Gimenez

    Texto abrangente , porém bem explicativo: somos isso mesmo: um eterno recomeçar e desafiar de limites

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